terça-feira, 27 de maio de 2014

Análise - O enfermeiro (Machado de Assis) [VÍDEO]





Publicado em 1896, sendo o conto narrado na primeira pessoa, é contada uma história da vida do protagonista, dando a condição que fosse lida somente após a sua morte. Em 1860, ele, antes teólogo, recebeu uma oportunidade de emprego como enfermeiro. Aceitando o novo emprego ele conhece o coronel, aquele quem deve cuidar, sendo o coronel já um homem velho, não demora muito para que os dias de paz de seu novo emprego de enfermeiro acabassem mesmo o velho o considerando tanto. Cheio dos maus tratos e ataques de loucura de Felisberto (coronel), o enfermeiro subitamente o esgana, voltando a si já era tarde demais, o velho já havia partido.
Escondendo essa verdade de todos, esperou as suspeitas baixarem até que pudesse fugir, mas logo recebeu uma notícia que o fez estremecer, Felisberto confiou toda sua herança a ele, o enfermeiro que considerava o mais fiel. Tendo que conviver com isso, o antes enfermeiro volta à vila, sendo vangloriado por todos, por ser aquele que aguentou o tão odiado velho rabugento. Procópio, o antigo enfermeiro, já arrependido e possuindo a visão de um Felisberto como um homem respeitável, dá-o uma estátua de mármore. Sendo uma delas o pedido que ele faz ao leitor de sua história:

Adeus, meu caro senhor. Se achar que esses apontamentos valem alguma coisa, pague-me também com um túmulo de mármore, ao qual dará por epitáfio esta emenda que faço aqui ao divino sermão da montanha: "Bem-aventurados os que possuem, porque eles serão consolados”.

Podemos perceber notáveis influências do Realismo, além de algo característico nas obras Machadianas, a grande construção psicológica dos personagens. O sofrimento de Procópio não foi gerado pelo ato de matar, mas sim pela influência exterior, aqueles que se sentiam incomodados pelo velho coronel o elogiavam, fazendo-o se sentir pior a cada elogio. Isso o incomoda tanto por não ter realizado tal feitio, do qual seria sua imagem pro resto de sua vida e sua incômodo na morte, até que alguém lê-se seu desabafo.
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Análise - A Igreja do Diabo (Machado de Assis) [VÍDEO]




Esse conto Machadiano, escrito em 1884, se divide em quatro capítulos e sua narração se dá em terceira pessoa. Diz-se que um manuscrito conta a repentina ideia do Diabo de criar sua própria Igreja, ela com o objetivo de combater e exterminar as outras religiões. Vendo essa ideia como brilhante, estende seus braços e põem-se a ir a desafiar Deus. 
No céu, o Diabo apresenta logo sua ideia a Deus, que tem sua conversa com o recém-chegado interrompida. Deus não nega os planos do Diabo, mas não os apoia, ele apenas tenta acabar logo sua discussão, usando a sublime morte do recém-chegado como argumento. A discussão seguiu recheada de críticas apontadas ao Diabo, logo chegando ao ponto de Deus ter sua paciência esgotada e encerrar a conversa ali. Afirma que a ideia foi somente dita, não legitimada. Assim, o Diabo volta à Terra.
Chegando à Terra, o Diabo não perde tempo e faz de tudo para promover sua Igreja, dizendo ele não ser o Diabo tão mal falado de que o povo conhecia, mas o verdadeiro Diabo. Sua religião propunha a inversão de valores, como de não ser proibido à venda do próprio corpo e trazia a mudança de princípios, tendo a inveja como seu principal.
Logo sua religião obteve alcance mundial, não existindo ninguém que não a conhecesse, como ele havia planejado e finalmente conseguido. Porém, descobriu alguns anos depois que seus fiéis traíam sua religião, fazendo ainda pequenas ações ligadas a outras religiões às escondidas. Aterrorizado, retorna a Deus, que não o repreendeu como se é esperado, Ele apenas crítica a eterna contradição humana.
O conto gira em torno da ideia Realista que o homem é um alvo de fácil corrupção, o Diabo proporciona a ele uma religião que apenas tinha os valores contrários à religião de Deus, mas mesmo assim seus fiéis a traíam, sendo corruptos em ambos os lados que seguiam, assim enfatizando a insatisfação humana. Um fator que foi motivo da criação dessa obra foi a propagação do positivismo, que buscava o estabelecimento de uma república, sendo contrário até à Igreja Católica (monarquia).
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