quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Análise - Soneto Vidas (Mario Quintana)

Nós vivemos num mundo de espelhos,
mas os espelhos roubam nossa imagem...
Quando eles se partirem numa infinidade de estilhas
seremos apenas pó tapetando a paisagem.

Homens virão, porém, de algum mundo selvagem
e, com estes brilhantes destroços de vidro,
nossas mulheres se adornarão, seu filhos
inventarão um jogo com o que sobrar dos ossos.

E não posso terminar a visão
porque ainda não terminou o soneto
e o tempo é uma tela que precisa ser tecida...

Mas quem foi que tomou agora o fio da minha vida?
Que outro lábio canta, com minha voz perdida,
nossa eterna primeira canção?!
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Esse soneto se trata da continuidade na vida após a morte, mas não na sua, na dos que estão ao seu redor. Deixando claro a velocidade insensível do tempo, apresenta a vida com uma rápida passagem, o que levanta os questionamentos sobre que falta faríamos, que legado iríamos deixar ou, se alguém tomasse o nosso lugar. A dúvida é somente respondida aos que já se foram, o que não aconteceu ainda com o autor como personagem do soneto.





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