quinta-feira, 24 de julho de 2014

Análise - Guapear com Frangos (Sérgio Faraco)

O conto se apresenta em terceira pessoa, tendo seus fatos ocorrendo dentro de um ambiente rural. López, o protagonista, se sente facilmente enjoado ao se deparar com o corpo do amigo (Guido Sarasua), sumido há dois dias. Os mais velhos não sentem o mesmo enjoo facilmente, por serem mais experientes. Sarasua não é o único morto encontrado, cadáveres que possuem as correntezas do rio como seu último destino.
Sentido-se mal pelo cadáver do amigo, decide lhe dar um enterro decente (incluindo a benção do padre). No meio do processo, por um deslize o corpo é atacado por um tatu e outros vermes que o vêem como alimento. Sarasua foge a galope com o corpo, pois era chegada a vez do lanche dos corvos, os frangos negros (que deram o título ao conto).
No fim, ainda no meio de sua fuga, López rende-se a situação, pois justifica o que ocorre através de uma comparação pessimista da vida. Esta comparação pessimista se dá pela desvalorização da existência que um dia foi aquele cadáver, que como é do interesse do meio que viviam de receber igualitariamente os pertences do morto, é de igual peso que os animais possam receber os restos do morto.

A desvalorização da vida e ao mesmo tempo da morte, junto da profunda expressão de sentimentos acima da caracterização física do ambiente e pessoas são os elementos em destaque nessa obra de Faraco.

Um comentário:

  1. Considero que o conto valoriza a vida, ao extremo. E respeita a morte, nao apenas pela sua inevitabilidade. Esse o legado de Faraco. Para o homem que ele narra, vida e morte são essenciais.

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